MIGRAÇÕES

Política europeia vai agravar

A política europeia de migração "levará a uma ainda maior precariedade da mão de obra", adverte o professor universitário Júlio Marques Mota, promotor de um debate sobre fenómenos migratórios, a realizar em Coimbra, em 23 e 24 de Fevereiro. "São sempre as camadas mais desfavorecidas que mais sofrem com as crises", disse o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), adiantando que quando "se deixam atingir os direitos de um vizinho, são os nossos próprios direitos que começam a ser atingidos".

Concebido há cerca de um ano, o debate surge pouco depois da presidência francesa da União Europeia (UE). "Era mais que previsível" que o presidente francês, Nicolas Sarkozy,
tentasse transpor para a Europa as suas políticas de migração "fortemente conservadoras", disse Júlio Mota, considerando que Sarkozy tem vindo a "endurecer a política de imigração no seu país e a sua lógica na Europa não terá sido tão dura graças, essencialmente, à pressão de Rodríguez Zapatero", chefe do governo espanhol, que preside atualmente à UE.

Estima-se que 86 milhões de pessoas estejam hoje a trabalhar fora dos seus países de origem, "em busca de melhores oportunidades para alcançar um melhor nível de vida para si e para as suas famílias", acrescentou o docente universitário, segundo o qual, passados 18 anos sobre a sua adoção, nenhum grande país de destino ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre
a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros das Suas Famílias.

Promovido por um grupo de docentes e pelo Núcleo de Estudantes da FEUC, no âmbito do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios, o debate começa na noite de 23, no Teatro Gil Vicente, com a exibição do filme "Welcome", de Philippe Lioret.

A película será comentada pelo especialista francês em questões de migração e diretor de pesquisas do Centro de História Social do Século XX, da Universidade de Sorbonne, Patrick Weil - que se desloca a Portugal propositadamente para participar nesta iniciativa -, por António Costa, presidente da Câmara de Lisboa e antigo ministro da Administração Interna, e por José Leitão, antigo Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas.

O filme, de algum modo, reflete "o novo ambiente criado pelas leis do presidente francês para os imigrantes". No dia seguinte, Weil, Costa e Leitão participam num debate subordinado ao tema "A Europa, os muros de repartição e as migrações", na Sala Keynes, na FEUC.

Patrick Weil, que se demitiu de todos os cargos oficiais que ocupava em França quando Nicolas Sarkozy criou o Ministério da Imigração e da Identidade Nacional, é considerado um dos maiores especialistas europeus em questões de migração.

António Costa e José Leitão são "personalidades que deram uma face humana à imigração em Portugal" e, por isso, também foram convidados para a conferência/debate, disse à agência Lusa, Júlio Mota.

Subordinada ao tema genérico "A Economia Global e os Muros da Repartição do Rendimento", a conferência/debate constitui a quinta sessão do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios.

 

Data de introdução: 2010-02-16



















editorial

O COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO: SAÚDE

De acordo com o previsto no Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário, o Ministério da Saúde “garante que os profissionais de saúde dos agrupamentos de centros de saúde asseguram a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Imigração e desenvolvimento
As migrações não são um fenómeno novo na história global, assim como na do nosso país, desde os seus primórdios. Nem sequer se trata de uma realidade...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Portugal está sem Estratégia para a Integração da Comunidade Cigana
No mês de junho Portugal foi visitado por uma delegação da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância do Conselho da Europa, que se debruçou, sobre a...