Milhões de cristãos em todo o mundo assinalam a Sexta Feira Santa, a paixão e morte de Jesus, dia que a Igreja Católica instituiu de jejum, silêncio e oração. "É um dia de mais recolhimento, de algum jejum, de contenção. Quando nos morre alguém de família somos mais comedidos", afirmou à agência Lusa o padre José Nunes, explicando que, "embora dia de luto e de alguma tristeza, para os cristãos é de muita esperança, porque quem tem fé sabe que depois da morte a vida continua".
A Sexta Feira Santa, único dia no calendário católico em que não se celebra a eucaristia, "tem três grandes momentos", adiantou o dominicano, esclarecendo que o primeiro "säo as leituras sobre a paixão e morte de Jesus, seguindo-se as oraçöes solenes, em que se pede por todas as intenções do mundo, e a adoração da cruz".
A celebração culmina com a oração do pai nosso e com a comunhão, mesmo sem missa. Segundo o padre José Nunes, a via sacra é feita noutro momento, à tarde ou à noite, para representar os últimos momentos da vida de Jesus, desde a condenação até à colocação do seu corpo no sepulcro.
De acordo com a lenda, Maria, mãe de Jesus, percorreu, nos primeiros anos do cristianismo, por várias vezes, o caminho que Cristo fez entre a casa do prefeito romano Pôncio Pilatos até ao Calvário, devoção que terá sido adoptada depois pelos peregrinos que visitavam Jerusalém.
Posteriormente, esta devoção foi espalhada por todo o mundo, tendo o papa Bento XIV, no século XVIII, dado forma final à via sacra, estabelecendo as 14 estações em que se encontra actualmente dividida, que se podem distribuir no interior de uma igreja ou ar livre.
Em muitos locais do país, centenas de figurantes reproduzem a via sacra, fazendo deste momento um cartaz turístico.
O padre José Nunes, também professor na Universidade Católica Portuguesa, lembrou que "à volta celebrações há muitas manifestações de religiosidade popular", referindo que variam de terra para terra.
O Tríduo Pascal, nome dado ao conjunto das celebrações litúrgicas que assinalam a morte e ressurreição de Cristo, iniciado hoje, tem sábado o seu apogeu, com a vigília pascal, terminando com as vésperas do domingo de Páscoa, que é a primeira festa cristã em importância e antiguidade.
Neste dia ou nos seguintes, em muitas localidades do país, realiza-se a visita pascal.
O sacerdote, com mais alguns acompanhantes, transporta o crucifixo que leva a casa das pessoas, promovendo a bênção pascal e convidando os presentes a beijar a cruz.
O tempo pascal continua até à celebração do Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa.
Data de introdução: 2010-04-02