Formação dois anos depois do escândalo de pedofilia, a Casa Pia de Lisboa criou o PIPAS - Programa Integrado de Prevenção do Abuso Sexual - que desde 2004 já ajudou 2800 crianças e jovens da instituição a saber detectar e a prevenir os abusos sexuais.
Os primeiros resultados do projecto são hoje apresentados no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, que desde ontem está a debater este tema.
O PIPAS "é um projecto inovador de educação sexual especialmente concebido para as crianças e jovens da Casa Pia", explicou ontem ao DN a presidente da instituição, Maria Joaquina Madeira, antes da abertura solene daquele evento. "Ao promover-se uma vivência saudável da sexualidade, está-se a prevenir o abuso sexual", explicitou.
Tudo acontece através de jogos, livros trabalhados e muito debate. O programa abrange desde as crianças do jardim-de-infância até aos alunos do secundário, internos e os que apenas frequentam as aulas. Ao todo, estão envolvidos 307 técnicos.
É a primeira experiência em Portugal de educação sexual em ambiente escolar para a qual todos os olhos agora se voltam. Porque a mesma experiência vai agora ser adoptada nas escolas do Ministério da Educação e, alerta Francisco George, director-geral da Saúde, "é preciso que esse trabalho seja bem feito". A regulamentação da lei da educação sexual, recorde-se, já foi aprovada.
"Nós, médicos e enfermeiros, vamos apoiar os professores nesse trabalho", afirmou ao DN Francisco George. E sublinhou: "Há um trabalho conjunto intenso entre os ministérios da Educação e da Saúde, a todos os níveis, central, regional e local. Os agrupamentos e centros de saúde que têm as unidades de saúde pública estão especialmente vocacionados para assegurarem esse apoio."
Fernando George adverte que se trata de um tema de "grande complexidade". "A sexualidade deve ser valorizada, mas os afectos também", frisou.
O director-geral da saúde lembra que ao transferir-se para a escola a competência da educação sexual, de alguma forma os pais ficam libertos dessa tarefa. "Há uma certa poupança para os pais e mães e, portanto, temos de estar preparados para esta missão com interesse redobrado", salientou.
Para Armando Leandro, presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens, é fundamental intervir na primária. "Não temos uma cultura de prevenção primária suficientemente enraizada, e é importante que a tenhamos. A Casa Pia merece todo o respeito por esta iniciativa porque não virou a cara ao problema", diz.
Fonte: Diário de Notícias
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