Ele há cada uma! Foi mesmo assim que ouvi, em directo, num programa radiofónico, a expressão “mercado” do voluntariado.
Claro que a gente já se vai habituando a tudo…mas talvez se ande a ir longe de mais na forma como a SOLIDARIEDADE tem sido tratada, centrando-se cada vez menos nos seus destinatários para merecer cada vez mais atenção junto daqueles que procuram, “criativamente”, nas Instituições de SOLIDARIEDADE um “nicho de mercado” cada vez mais apetecido!
Tempos houve, e acredito que ainda hoje isso aconteça, em que as palavras IDENTIDADE e AUTONOMIA eram protegidas à prova de bala, qual “arca da aliança” que as Sagradas escrituras nos dizem ter sido sempre o segredo das vitórias que o “povo de Deus” foi averbando ao longo da sua atribulada história!
A quem se habituou a conjugar as palavras voluntariado=gratuitidade, em simultâneo, a palavra “mercado” sugere coisas que o voluntariado não é!
Os tempos mudam, claro! Tempos houve em que muitas Instituições, para não dizer a quase totalidade, viviam de voluntários/as, pessoas que, interpeladas nas suas comunidades de residência por situações de pobreza, carências sociais, falta de respostas para crianças e idosos, pessoas portadoras de deficiência, foram fazendo das tripas coração para, com muito poucos meios financeiros e com a ajuda de alguns técnicos, assegurarem o dia-a-dia dessas Instituições.
Os ventos mudaram e entrou-se na fase de, por razões de eficácia tecnicista, ter sido obrigatório contratar muitos técnicos, levando a que muitos voluntários começassem a sentir-se um “estorvo” e a retirar-se!
Foi bom? Foi mau? Foi assim…e pronto!
Mas neste ANO INTERNACIONAL DO VOLUNTARIADO talvez não fosse má ideia interrogarmo-nos sobre os “porquês” de, em muitas Instituições, faltarem cada vez mais voluntários e, mais preocupante que isso, este voluntariado em Instituições é cada vez menos mobilizador das novas gerações!
Pe. José Maia
Data de introdução: 2011-02-10