Os líderes e os génios não resultam de eleições; impõem-se por si mesmos e, ignorá-los ou fazer-lhes o vácuo, representa um acto de suprema ignorância e/ou de perigosa cegueira! O voto, em eleições livres e participadas, legitima o acesso ao cargo mas não é garante de competência para o exercício das funções que lhe são inerentes!
Entre nós, haverá ambiente para que líderes políticos e sociais, tecnicamente bem preparados com uma estrutura ética à prova de bala, possam vir a ser desejados pelo Povo para o governarem, mas que, pela via do nosso actual sistema político e eleitoral, fiquem completamente arredados de um serviço público ao seu País?
Os bloqueios em democracia são muito perigosos e podem dar origem a tentações de recurso ao “Sebastianismo”, que é sempre um canto de sereia que, num abrir e fechar de olhos, nos poderia conduzir ao precipício de uma DITADURA!
Aproximam-se tempos em que os portugueses que têm concedido créditos de boa fé regras da democracia, poderão começar a interrogar-se: mas que raio de democracia é esta que não tem conseguido, ao longo de tantos anos, encontrar pessoas competentes e íntegras capazes de, com o nosso voto, cumprirem a promessa de DESENVOLVIMENTO e BEM-ESTAR SOCIAL que nos foram garantidos em Abril?
O país poderá começar a ficar preocupado com a “partidarite aguda” que tomou conta dos vários líderes políticos e que está já a criar perigosos efeitos colaterais que se manifestam num ambiente de crispação e batalha verbal campal que corre o risco de contagiar o país!
E se o povo decidir partir para as próximas eleições disposto a tirar a “prova dos nove” ao nosso sistema democrático, usando o seu voto como uma forma de protesto contra um jogo democrático que de democrático (onde o povo é efectivamente ouvido e se reconheça servido por aqueles que para isso elege) começa a ter muito pouco!
Vai caber ao Povo resgatar a DEMOCRACIA que se encontra sequestrada pela PARTIDOCRACIA. Será já desta vez ou, a muito curto prazo (se os resultados eleitorais confrontarem o Presidente da República com uma impossibilidade efectiva de conseguir dar posse a um novo Governo) que teremos mesmo de nos interrogar sobre o futuro do próprio Regime?
Pe. José Maia
Data de introdução: 2011-04-09