O sector social está expectante para ver o Programa de Emergência Social (PES) posto em prática, havendo quem sugira uma sensibilização da “troika”para a situação específica do país ou um melhor trabalho entre solidariedade e saúde. O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), padre Lino Maia, admitiu estar "bastante apreensivo", afirmando temer que os próximos meses sejam "o pior período em Portugal, com a “rentrée”, com o regresso às aulas, com muitas empresas a fecharem portas".
Aguarda, por isso, "com alguma expectativa a implementação do Programa de Emergência Social" - anunciado há cerca de um mês pelo Governo -, apesar de ter consciência que não se trata de um programa de erradicação da pobreza. "Gostaria que ao mesmo tempo que vamos implementar o PES, estabelecêssemos um programa de erradicação da pobreza. Pode parecer desajustado em tempo de crise falar nessa ambição, mas é nestes momentos que todos nós devemos dar as mãos para encontramos um futuro de mais esperança para os portugueses", pediu Lino Maia.
O presidente da Cáritas lembrou, por seu lado, que o país não pode "viver muito tempo com medidas paliativas" e, apesar de entender que esta é uma altura difícil para investimentos públicos, pede estímulos à criação de emprego, propondo "uma reforma fiscal a sério".
"O Programa de Emergência Social, não sendo para resolver os problemas estruturais da pobreza, poderá ajudar a suavizar nalguns aspectos muitas das carências que milhares de portugueses estão a sentir", sustentou Eugénio Fonseca, que defendeu ainda que o Governo tente sensibilizar a “troika” para "a situação muito específica" de Portugal.
"Não sei se passa por uma renegociação da amortização da dívida, mas que isso não ponha em causa a satisfação das necessidades básicas de milhares de portugueses. Não podemos desprezar um direito essencial, que é o respeito pela dignidade das pessoas que se expressa no acesso a bens de sobrevivência indispensáveis", sublinhou o presidente da Cáritas.
Para Eugénio Fonseca, deve haver um acompanhamento constante da aplicação das medidas e o Governo deve "suavizá-las no sentido de não atingir tanto aqueles que são sempre os mesmos sacrificados".
Já para o presidente da União das Misericórdias, "há coisas que são extremamente positivas" no PES que poderão ser parte integrante para melhorar a situação social em Portugal. "É o caso de assegurarmos que ninguém passe fome em Portugal. Não há necessidade que alguém passe fome ou alguém não tome os medicamentos que necessita", apontou Manuel Lemos.
Data de introdução: 2011-09-08