A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) alertou para os "riscos sérios para a sustentabilidade financeira" destas instituições provocados pelo aumento dos preços de bens como luz e água e uma eventual subida dos impostos, além de dívidas do Estado. Esta posição surgiu no final do Conselho Nacional da UMP, que reuniu extraordinariamente, em Lisboa, "no quadro da grave crise económica, financeira e social que o país atravessa".
A UMP alertou para o "aumento significativo e crescente da procura dos serviços das misericórdias, numa altura em que também estas instituições se vêem com maiores despesas". Para tal está a contribuir o "atraso significativo do Estado nos pagamentos resultantes de obrigações contratuais já assumidas com as misericórdias".
Nas unidades de cuidados continuados integrados o atraso do Estado está a provocar "rupturas de tesouraria e incerteza quanto ao futuro", segundo a UMP.
O presidente da UMP, Manuel Lemos, chamou a atenção para o "exemplo gritante" do aparecimento de novos pobres que se traduzem no aumento muito significativo dos utentes das cantinas sociais. Apesar de se manifestar um optimista, Manuel Lemos frisou a necessidade de o Governo cumprir os compromissos contratuais assumidos. "Não fomos nós [misericórdias] que fomos ter com o Governo. Foi ele que nos procurou", disse.
A UMP decidiu ainda, neste encontro, transmitir à opinião pública e aos agentes políticos que "se o Estado não cumprir pontualmente as suas obrigações para com as misericórdias estará em risco a almofada social que estas proporcionam sobretudo aos portugueses mais carenciados". Existem 398 misericórdias, que prestam serviço a mais de 700 mil utentes.
Data de introdução: 2011-10-08