Alunos da Universidade Sénior de Amarante (USA), a maioria mulheres, estão a promover uma horta biológica no centro da cidade e os legumes, sem pesticidas, são doados a instituições de solidariedade social. Este é o primeiro passo para o surgimento de uma horta comunitária, em Amarante, com fins sociais. Duas vezes por semana, os alunos abandonam a esferográfica e o caderno da universidade e calçam galochas, vestem roupas velhas que tinham em casa e envergam utensílios agrícolas.
Por entre o velho casario do centro histórico, num terreno em socalcos, com a torre da igreja de S. Pedro ao fundo, todos se empenham nas várias ocupações, sob o olhar atento do formador Henrique Bastos.
Ao longo da manhã, os alunos aprendem conhecimentos práticos e teóricos sobre como plantar e tratar vários produtos hortícolas, sem utilização de fertilizantes artificiais ou pesticidas. Todos os idosos, de mãos mergulhadas no solo escuro e fértil, não regateiam esforços. Apesar de atarefados, não disfarçam o orgulho que sentem por terem sido capazes de transformar um terreno que até há pouco não tinha qualquer utilização agrícola. "O terreno estava um bocado degradado e agora está muito bonito", disse à Lusa o proprietário da horta, Adérito Sousa Ferreira, aluno da Universidade Sénior, admirando o seu renovado quintal.
Para Teresa Queirós, outra aluna da USA, esta actividade tem sido muito importante porque, como a maioria das colegas, nunca tinha mantido qualquer contacto com a agricultura. "Aproveito para aprender a fazer alguma coisa num quintal que tenho em casa. Eu não sabia fazer nada e agora estou a aprender tudo, evitando os produtos químicos, o que é muito bom".
O reitor da Universidade, Nuno Queirós, anunciou que o projecto vai ser partilhado, em breve, com os alunos das escolas do primeiro ciclo, que vão poder fazer visitas guiadas à horta, participando num convívio intergeracional. O responsável da Universidade Sénior de Amarante disse que o projecto está a ser um sucesso, prometendo mantê-lo e ampliá-lo no próximo ano lectivo, abrindo-se a mais alunos que queiram realizar "uma actividade tão estimulante".
O formador Henrique Bastos, ligado a projectos de agricultura biológica há mais de 30 anos, destaca o interesse dos alunos num projecto que promove a autossuficiência e a sustentabilidade. Explicou que todos os formandos trabalharam nas várias fases, começando por limpar o terreno, preparando-o depois para o desenvolvimento de várias espécies hortícolas.
Desde o início do ano lectivo, os alunos têm assimilado técnicas de controlo das pragas e doenças, usando, por exemplo, palha, ervas daninhas e insectos. O formador acredita que este projecto, se crescer, vai transformar-se numa horta comunitária, de modo biológico e com carácter social, na qual todas as pessoas, nomeadamente as mais carenciadas, possam cultivar os seus próprios alimentos.
Data de introdução: 2012-03-06