Mais de 400 mil portugueses poderão vir a ter acidentes cardio-vasculares nos próximos dez anos. Este é o resultado de estudo que aponta para o facto de quase 40 por cento destes casos ser evitável se a terapêutica fosse melhor.
Cerca de 430 mil portugueses correm o risco de sofrer acidentes vasculares cerebrais nos próximos dez anos, o que, em grande medida, poderia ser evitado caso a terapêutica fosse mais eficiente.
Este é o resultado de um estudo sobre a probabilidade de risco de ocorrência de AVC que envolveu 20005 utentes do Serviço Nacional de Saúde, entre os 55 e os 84 anos, bem como 1101 médicos e 240 especialistas, e que vai ser apresentado na 2ª Reunião Científica da Sociedade Portuguesa de Hipertensão.
Segundo esta investigação, que considera a situação neste aspecto como «preocupante», poderiam ser evitados 40 por cento dos casos de risco de AVC, mais concretamente 179069 casos se a terapêutica fosse mais eficiente.
O estudo indica ainda que a probabilidade de uma pessoa sofrer um AVC aumenta com a idade, se bem que os homens tenham mais tendência a tê-lo do que as mulheres, excepto na faixa etária dos 80 aos 84 anos, onde a tendência é praticamente igual.
Nos homens entre 55 e os 59 anos, 9,6 por cento têm hipótese de sofrer um AVC nos próximos dez anos, contra 2,8 por cento de mulheres na mesma faixa etária, ao passo que 30,5 de homens dos 80 a 84 anos têm essa mesma tendência, contra 30,4 de mulheres da mesma idade.
Ainda de acordo com estudo, a hipertensão arterial, doença da qual sofre metade da população adulta portuguesa, está na base da maior parte dos riscos relacionados com os casos de AVC, líder das causas de morte em Portugal ao ser responsável por 22 mil óbitos anuais.
Num outro estudo, da autoria do cardiologista Mário Espiga de Macedo, a apresentar também na Reunião Científica na Sociedade Portuguesa de Hipertensão, concluiu-se que 49,5 por cento dos homens e 38,9 por cento das mulheres com mais de 21 anos é hipertensa.
Esta investigação concluiu ainda que metade das pessoas que sofrem de hipertensão desconheciam a sua situação clínica, com 39 por cento a estarem já sujeitas a tratamento e outros 11 por cento a revelarem que já têm o problema controlado.
De acordo com o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia Manuel Carrageta o excesso de peso e a obesidade são as principais causas que levam à hipertensão, doença que provoca ainda doenças das coronárias e insuficiência renal.
Por seu lado, a má alimentação e a falta de actividade física são as grandes responsáveis pelo aumento de peso e obesidade.
Data de introdução: 2005-02-28