Há violência grave contra as mulheres

A violência contra as mulheres ganhou visibilidade nos media nas últimas décadas, sobretudo nos casos extremos como o homicídio, mas existe «uma violência endémica» grave que continua na obscuridade - segundo um livro lançado a 10 de Março em Coimbra.

«A violência contra as mulheres não são só os homicídios. Há uma violência endémica contínua, em que se incluem os maus-tratos psicológicos, que fica completamente na obscuridade, apesar de causar milhares de vítimas», disse a autora, Rita Basílio de Simões, à agência Lusa.

Intitulado «A Violência contra as Mulheres nos Media: Lutas de Género no Discurso das Notícias (1975-2002)», o livro de Rita Basílio de Simões «traça o retrato da cobertura noticiosa do tema ao longo de três décadas de história da imprensa diária portuguesa» - segundo uma nota da FNAC Coimbra, onde a obra foi apresentada.

O livro, que resulta da dissertação de mestrado em Comunicação e Jornalismo apresentada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (UC), analisa as notícias sobre esta temática publicadas no Diário de Notícias entre 1975 e 2002 e no Correio da Manhã durante o ano de 2002.

Outra das conclusões a que a jornalista chegou é a de que «a construção noticiosa da violência contra as mulheres assenta em um repertório de incidentes isolados, baseados nas circunstâncias particulares dos agentes envolvidos, sendo, em geral, pobres os horizontes de sociabilidade contidos nesses discursos».
«Desse repertório de notícias sobre violência são sistematicamente excluídos aspectos relacionados com a diferença de poder social entre sexos, bem como com a aparente incapacidade política para a erradicar, apesar da intervenção jurídico-institucional«, escreve Rita Basílio de Simões na conclusão do estudo.

De acordo com a autora, verifica-se também «uma certa tendência para desresponsabilizar o agressor» nas notícias analisadas.
Na perspectiva de Rita Basílio de Simões, é importante a diversificação das fontes de informação, para uma melhor compreensão da problemática e do seu impacto na sociedade.

 

Data de introdução: 2008-03-13



















editorial

Comunicar é tornar comum

A partilha de informação remonta à origem latina de comunicar, que também apela à participação, sendo a comunicação um processo de tornar comum algo entre as pessoas, a troca de experiências e de...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Agora, que os eleitos só pensem no bem comum
Sou um político resiliente, sem nunca ter sentido a necessidade de me envolver na política ativa. Quero dizer que, há mais de cinquenta anos, fiz a opção de viver a minha...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

A caracterização racial é racismo estrutural
Três amigos chegaram ao aeroporto de Lisboa, vindos de um voo intercontinental, com a quantidade de bagagem de umas férias relativamente longas. Duas das pessoas no grupo eram caucasianas, uma...