O Papa falava na cimeira da FAO, a organização das Nações Unidas para a alimentação e agricultura, que decorre hoje e amanhã em Roma.
“É preciso contestar o egoísmo que permite que a especulação penetre mesmo no mercado dos cereais, colocando a comida no mesmo plano que todas as outras mercadorias”, disse Bento XVI, dizendo ainda que é necessário “repensar os mecanismos de segurança alimentar”.
“É preciso uma consciência solidária que considere o direito à alimentação e o acesso à água como direitos universais de todos os seres humanos, sem distinções ou discriminações”, disse Bento XVI.
O discurso do Papa tocou o mesmo ponto que os cartazes dos manifestantes que protestavam contra o “uso de comida como meio de especulação” pelas empresas multinacionais, embora o discurso fosse diferente: “O sector privado usa a alimentação como um meio de especulação e não para alimentar as pessoas”, disse à AFP Henry Saragih, coordenador do movimento de pequenos agricultores Via Campesina, chamando a atenção para uma contradição: “a produção a nível mundial aumentou mas o número de pessoas que sofrem de fome também aumento”.
Outra contradição que Saragih aponta à própria FAO: “Quase 80 por cento das pessoas com fome vivem em zonas rurais mas a política da FAO concentra-se nas multinacionais”.
Enquanto isso, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, apelou, numa carta publicada no diário italiano “Il Sole 24 Ore”, a que mais seja feito no plano da segurança alimentar para erradicar a fome no mundo. “Como é possível que, no século XXI, depois de ter viajado até à Lua, não seja possível alimentar a população da Terra?”, questionou Barroso.
Fonte: Público
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